Desalento

No meio-fio
da calçada,
sentado
sozinho
e ignorado,
o menino
de olhos verdes
e tristes,
sentia escorrer-lhe
pelas faces descoradas,
as lágrimas do abandono.

A vida não lhe fôra
boa mãe;
a mãe, há algum tempo
se fôra;
o pai, também,
bebido pela bebida.

O futuro negara-lhe
a cara.
A cara, era cara
de descrente;
descrente dos homens;
descrente do mundo;
mudo e caladamente
descrente!

Nascera em berço
esplêndido.
Esplêndido de tamanho,
esplêndido de promessas,
esplêndido de mentiras.
Esplêndido,
soberbamente esplêndido!

Nascera no Brasil,
terra dos políticos;
políticos de mentira,
que jamais foram
E S P L Ê N D I D O S .



Foto: Google imagens
Jaime Rezende Mariquito
Enviado por Jaime Rezende Mariquito em 27/08/2010
Reeditado em 21/01/2011
Código do texto: T2461809
Classificação de conteúdo: seguro