Jardineiro Infiel

Aconteceu que o jardineiro,

Olhando para sua velha flor,

Escolheu dela cansar

Suas pétalas murchas,

O corpo meio arqueado,

A ausência do perfume,

Sua cor desbotada,

Nada fazia que satisfizesse mais seus sentidos.

Arrancou, então, a velha flor

Sem muita cerimônia.

Na flora buscou outra,

De pétalas voluptuosas

Perfume exuberante

Colorida de intensidade.

Plantou-a no meio do jardim.

Mas eis que o pobre jardineiro iludido

Em seu enlevo distraido

Esqueceu-se das raízes

Que a velha flor deixara

Enquanto a nova flor

Um caule vazio ostentava

Logo, logo iria murchar.

De repente viu-se perdido

Em meio ao solo vazio

Uma a uma buscou tantas flores

A todas plantou com vã esperança

Sobre o pobre cadáver da velha flor arrancada.

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 24/08/2010
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