Viver

"Da minha morte não sei o dia

Mas posso vir a saber

Pois já se começa na morte

Logo após se nascer"

Em suplícios de partida

Entre risos de chegada

A vida que nasce todo dia

É uma cena maquiada

Escondida em mil receios

Descoberta em mil fachadas

É um caso escrito ao léu

Por entre linhas expostas

Um desígnio vindo do céu

Do qual não sabemos resposta

É uma dádiva para alguns

Para outros é mera carga

Entre cenas e acenos

Ela se faz e é escrita

De letras e sorrisos plenos

Para muitos é prescrita

Porém para os desafortunados

Entes sem nenhuma sorte

Ela é feita de enganos, fados

Que pesam muito mais que a morte

E levados por dores e frustrações

Escondem-se do mundo desfeitos

Juntando cacos e pedaços de corações

Para estes já não existem defeitos

Mas a culpa de sua existência

Um tédio fatalmente envenenado

Pelos males da sua própria experiência

Que triste esse medo engasgado

Que se apresenta neste celeste palco

Por encantos e poesias recitados

Pois a tristeza de muitos poetas

Serve para muitos serem consolados

Pois para cada lágrima rescitada

Arrancadas do fundo de uma alma

Outra salva, eleva apaixonada

Devolve-lhe sorrateira a calma

E a morte da qual temos tanta certeza

Que veremos um dia chegar

Dá a vida essa tediosa beleza

E nos leva a esquecidamente esperar

Esperar sem saber por que

Por um momento guardado no tempo

Um incansável alento

Que chamamos de viver...

Viviane Tavares
Enviado por Viviane Tavares em 22/08/2010
Código do texto: T2453244
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