ELEIÇÕES 2010
DESCENDO DO TRONO
No entremeio eleitoral
tudo fica à mercê:
educação, saúde, segurança.
Mas em ano de eleições
cada cidade é um barulho infernal.
Não sabemos de onde surgem
tantos candidatos,
almejando mais quatro anos
de transbordamento das
contas bancárias.
Nessa época,
apresentam as soluções
para todos os males
da vida humana.
Enriquecem às custas da seca,
da miséria,
das drogas,
da violência,
da saúde pública,
dos desabrigados,
da educação de má qualidade.
Sei que não tentarão por fim à seca,
pra não ficarem sem lema de campanha
nas regiões atingidas por ela.
Não tentarão acabar com a miséria.
Caso agissem assim,
qual seria o lema de campanha,
perante um povo que passasse
a depender menos, do governo?
Não darão a mínima pras drogas,
isso não é problema deles!
Pouco investirão contra a violência.
Isso esvaziaria os cofres públicos,
- tamanha a problemática –
e, consequentemente,
as cuecas e bolsos deles também.
Não se importarão com a saúde pública,
mas a Previdência Social pagará o pato
aos sobreviventes incapazes.
Darão as caras nos locais
onde a natureza mostra sua fúria.
Objetivo estratégico:
MOSTRAR PIEDADE PARA COM OS FLAGELADOS.
Objetivo implícito:
PURA ENGANAÇÃO e o SONHO DA GRANA FÁCIL.
Quanto à educação,
as estatísticas apontam resultados estarrecedores:
sem contar que ambiente escolar
virou ringue,
virou cracolândia,
virou reprodutor de um sistema
que afunda o Brasil
a pontos tão longínquos do poço,
que de lá, olhando pra cima,
podemos perceber,
muitos países do terceiro mundo,
e de mundos mais distantes ainda.
O mais intrigante, quanto aos políticos,
é que, nessa época,
apontam o antídoto
pra todas as patologias sociais.
O pobre é que fica famoso!
Vê sua casa virar “caminho de roça”.
São tantos abraços, beijos,
apertos de mão, fotos, cafezinho, etc.
Antes das eleições os políticos
viajam a paraísos fiscais.
Mas em período eleitoral
vão às cidades mais pequenas,
às casinhas dos mais humildes.
Trocam seus jatinhos
por longos passeios à pé.
Devem até passar um pozinho
Anti-probreza em suas mãos e braços.
Pra eles, pobreza é doença contagiosa
e o que menos desejam é
dar a contribuição para a cura de tal.
Não perdi a esperança!
Só não confio mais neles!
Pois nos matam aos poucos.
Contudo, sigo torcendo
pra que não nos matem
de uma só vez.
Nas eleições vou exercer minha cidadania.
Urna não é bacia,
pra transbordar de escolhas erradas.
Urna não é penico,
depósito do que não serve mais.
Também não é colchão macio,
de onde brotam sonhos mirabolantes,
mas é o depositário
dos meus desejos mais sinceros
de tentar mudar o meu país.
Perante o mar de enganadores,
quase afogo-me,
e ainda não consegui enxergar, sequer,
à beira da praia, nem nesse imenso mar,
uma gota de solução.
GILVANIO CORREIA DE OLIVEIRA
TEIXEIRA DE FREITAS, 19/08/2010.