Castelo de areia
Foi uma onda malvada
Ingênua lavando a praia
Fitando-me com olhar de sedução
Sem saber me arrastou para si
Um coração imprudente
Deu-me asas e voei
Lancei-me ao chão sem importar
Edifiquei meu castelo ali mesmo
Na areia, sem alicerces, frente ao mar.
Firmei estacas com amor e verdade
Muitas janelas em cada sorriso
Paredes de paixão
Obra perfeita, miragem e ilusão.
Colunas de sonhos, hoje lançados fora.
Agora destelhados pela incerteza
Em ruínas seus traços da beleza
Projeto da saudade
Corpo sem alma
Alma sem vida
Onda inconseqüente que na praia avançou
Chegou e meu castelo derribou
Ao mar meu sonho lançou
De lá só areia retornou
Assisto agora seus movimentos
Relembrando a cada instante
Que suavemente embala
Ao sopro da brisa mansa
Que nunca se cansa
Molhando meus pés
Provando o sabor da lágrima
Que dos meus olhos rolou
Márcio Oliveira
17/08/2010