Os meninos no teatro da vida
Por trás das cortinas
do teatro dissimulado de risos,
os meninos se cortam com palavras
[de navalhas...
e se embebedam de sal e fel.
Forjam em seus corpos esquálidos,
mutilados, o aço sórdido do flagelo,
e se tatuam com o selo da morte
- impiedosa - do amor apodrecido.
Os meninos choram sem maldade.
Engolem seco o grito engasgado
e desesperado da desilusão
[e do medo...
Os meninos imploram:
Piedade!
Os meninos ainda são amadores
na arte da interpretação.
Por isso mesmo, há muito ainda
[o que sofrer...
muito o que chorar, e muito
[o que aprender...
Os meninos que há pouco
sentavam nas coxias das calçadas,
vendo atentamente o mundo passar,
agora estão de olhos vendados pela
[dor da morte:
A morte de amar...
Os meninos agora se vão...
Estão ocos, mas se vão...
Se vão para outra coxia.
Esperar o teatro reabrir
[outra sessão.