Os meninos no teatro da vida

Por trás das cortinas

do teatro dissimulado de risos,

os meninos se cortam com palavras

[de navalhas...

e se embebedam de sal e fel.

Forjam em seus corpos esquálidos,

mutilados, o aço sórdido do flagelo,

e se tatuam com o selo da morte

- impiedosa - do amor apodrecido.

Os meninos choram sem maldade.

Engolem seco o grito engasgado

e desesperado da desilusão

[e do medo...

Os meninos imploram:

Piedade!

Os meninos ainda são amadores

na arte da interpretação.

Por isso mesmo, há muito ainda

[o que sofrer...

muito o que chorar, e muito

[o que aprender...

Os meninos que há pouco

sentavam nas coxias das calçadas,

vendo atentamente o mundo passar,

agora estão de olhos vendados pela

[dor da morte:

A morte de amar...

Os meninos agora se vão...

Estão ocos, mas se vão...

Se vão para outra coxia.

Esperar o teatro reabrir

[outra sessão.

cristovam melo
Enviado por cristovam melo em 13/08/2010
Reeditado em 13/08/2010
Código do texto: T2436822