Formigas
Não se aproxime de mim
Já lhe disse que não sei amar
Nem pretendo ser
O que espera que eu seja
Diga-me todas essas palavras doces
E eu as desmancharei até achar
As mentiras que as formavam
Destruirei a bela ilusão que não convence ninguém
Eu rasgarei todas as suas cartas
E esquecerei todas as suas palavras
Você acha que chegou perto o bastante
Mas o frio em mim não é capaz de descongelar
Estarei olhando para o outro lado
Quando seus olhos exalarem aquela doçura fingida
Não sou a criança que gostaria de ser
E não tenho mais a ingenuidade necessária
Para cair em seus jogos malfeitos
Os portões do castelo jamais se abrirão para você
E se sonhar comigo lembre-se de acender a luz
Para conseguir se acalmar em meio às trevas
Nunca quis ser gentil com você
Cujas verdades duram apenas um dia
Não serei peça em seus jogos
Prefiro deixar que pense na vantagem
Enquanto planejo o xeque-mate
E ainda que não queira estar no palco
Se me colocaram aqui
Darei o melhor de mim
Feche sua boca
E enterre a próxima mentira
Antes que eu a faça ricochetear em você mesmo
Não sou mais uma criança
E você não sabe o quanto posso ser cruel
Venha com seus olhos molhados
E chore pra mim
Não me comovem as chantagens
E posso rir enquanto se corrói
Você perturbou o coração errado
Provocou uma tempestade
Que não tem forças para parar
E ela te soprará para longe
Soterrará até mesmo a lembrança
De palavras que nunca foram relevantes
Não pretendia me vingar
Perder tempo com isso nem estava em meus planos
Mas não vou me desculpar
Avisei para desistir enquanto era tempo
Agora, recolha os cacos da sua dignidade
Enquanto apenas observo de longe
E as formigas carregarão as migalhas
De uma história que nem deveria ter sido escrita