Pedaços da Vida
Faço poesia como mosca no cio,
dando voltas concêntricas no espaço vazio.
Uso a imaginação como arma.
A escrita e a palavra como faca.
Vou lentamente sangrando pedaços da vida,
em inglórias batalhas que nunca haverei de ganhar.
Resistirei a tudo e todos nessa insana batalha.
Não me dobrarei diante de velhas promessas,
nem ao torpe discurso político em palanque lotado!
Não me venderei aos biltres e falsos profetas nem
as doações de Bill Gates e seus antigos comparsas.
Não me curvarei aos pulhas, ao falsos padres
ou outras tentações do diabo.
Não me subverterei aos estigmas da vida,
nem ao longo e fino fio da navalha afiada.
Vou estocando a nova estética,
a tendência da moda, o ter e o belo,
o mesmíssimo milionário do ano,
as bundas dançantes e música falada.
Travarei terríveis e inglórias batalhas,
contra o cinismo da mídia!...
ao engodo da alma.
Quando estiver muito velho e cansado.
Cansado de nem a mão conseguir levantar,
com punhos sangrando e o corpo em retalho de tanto lutar,
fugirei em cavalo alado, pra um deserto planeta distante.
Farei na praia, de frente pro mar, uma pequena cabana de pano.
Descansarei em rede, bebendo água de coco e ouvindo Caetano.
Tomarei destilado à vontade enquanto espero o tempo passar.
Quando estiver muito triste...
tão triste de querer me matar,
com a alma muda e os olhos inchados de tanto chorar,
viajarei por desconhecidos planetas e galáxias gigantes.
Encontrarei o ponto mais alto do topo do mundo
e nele estenderei minha velha rede de pano.
contemplarei a magia de lindas estrelas
e cometas, com caudas de fogo passando.
até a alegria da alma voltar.