Meu Medo, Minha Prisão
Eu achei que era forte, e que era imune a alguns sentimentos,
Vi muitos amigos que se enfraqueciam diante do sentimento novo,
Era novo porque marcava mudanças em nossas vidas,
Deixávamos então os carrinhos e bonecas,
Para nos aventurar nos desejos, na paixão, no amor e nas loucuras.
Nessas mudanças tão bruscas fiquei meramente como espectador,
Tentando entender o porquê dessas mudanças e o porquê não conseguia sentir tais coisas,
Muitos questionavam sobre mim, respondia negando todos os questionamentos,
E continuaram a questionar, então resolvi responder através do silêncio.
Mas não me contentei com o silêncio, via a necessidade de uma resposta,
No fundo eu já sabia o porquê, já sabia a resposta, mas quis fugir dela,
Tive medo, pois achei que ser diferente não seria normal,
Resolvi me esconder dentro do meu próprio ser.
É triste viver como mero espectador,
Queria poder sentir também aquilo que todos sentiam,
Na verdade eu sinto também muitas coisas,
Tive medo por serem os extremos do sagrado ao profano.
Quando sinto muita saudade de mim, eu me procuro no mais profundo do meu interior,
Mas penso muito antes de me encontrar, pois muitos me julgariam mal
Então eu vivo assim...
Outra coisa, me libertar pra que? Pra quem?
Hoje eu sei que ser diferente é normal,
Mas penso que sou tão diferente...
Não quero mal a ninguém, só quero o bem, e assim procuro fazer,
Só não sei como farei o bem para mim mesmo.
Mesmo sabendo a resposta da pergunta que me fazem,
Não sei as respostas das perguntas que te faço,
E a cada manhã me sinto mais longe dessas respostas,
Sinto-me mais longe de você, de mim, de tudo.
Mas há algo muito pior do que me prender em mim mesmo,
É saber que você se prende dentro de você e não pode se libertar, nem me libertar,
Nos seus olhos não sei o que procuro, se sou eu ou você,
E percebo assim que você também não sabe.
Assim o tempo passa...
Assim eu fico aflito...
Assim eu te espero...
Para nos libertarmos,
E vivermos o que sentimos.