Sentença
De agora em diante
Não vou mais cantar o amor
Musa alguma há de sambar sobre os meus versos
– basta-me ela, embalsamada entre minhas vísceras.
De agora em diante
Serei um poeta maldito
Sob as mãos complacentes de Deus.
Só farei versos amargos e rudes
Que o belo que existe no mundo
Não cabe na minha poesia
O canto que trago em minha alma
É um canto mais triste que a morte.
De agora em diante
Só a solitude há de me dar razão
Só o descompasso há de dançar comigo
E numa tarde quente
Hei de morrer à sombra
Na rede que armei entre um futuro bom
E a desesperança.