A voz que fala em nós
Não sei dizer nada mais
Nem se o tempo está bom
Se o homem tem razão
Ou se nada faz sentido
Sou um ser robotizado
E aqui bem do meu lado
A vida é contrária
De tudo que esperava
Eu sonhei que a poesia
Fosse libertar a mente
Dos seres escravizados
Tão presos em correntes
Enganei-me novamente
Por mais que dizemos
Insistem ignorar-nos
Por mais que queiramos
Preferem não nos ver
Tais e quais São João,
continuamos pregando no deserto
-O homem é um deserto -
E nós, apenas poetas tolos,
provavelmente morreremos tentando.