Te deixei me deixar

Te deixei me deixar

Sentada em sua poltrona preferida,

com a alma repartida

entre meu e você

Vi você se despedir

Por traz da fumaça de um cigarro.

Fui forte, Fui chique

E só chorei após você sair com o carro.

Não descruzei as pernas e não alterei a voz.

Deixei meu silêncio te te implorar

pra não desistir de nós

Te deixei me deixar

Chorando pelo avesso

Pra não se ver em minha dor.

E pra que meu rosto frio

Fosse em ti, uma chama de amor.

Vi através do seu paletó,

Meus arranhões de paixão

Quando me virou as costas.

E engolindo o velho nó,

doeu meu coração

de imediata resposta.

Eu vi dentro dos seus olhos

Que mais do que ir,

você queria a mim

e se deixasse fluir

eu diria sim!

Me deixei te deixar

Resistindo à vontade de me jogar,

E cravar minhas unhas em suas pernas!

Com o desejo transbordando dos olhos,

Com o orgulho a gotejar pelo queixo

E o batom borrado de beijar o desespero...

Mas não... Não!

Me mantive alinhada, não deixei que visse

Pra que em meu requinte, sucumbisse

Minha louca vontade de matá-lo!

Dell de Azevedo
Enviado por Dell de Azevedo em 16/07/2010
Reeditado em 16/04/2015
Código do texto: T2380529
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