Rei morto, rei posto.


Nas horas febris do meu cansaço
Quando a insônia me consome inteiro
Tua imagem, figura de alabastro
Vem deitar-se em meu leito solitário.

Deusa com pés de barro, sorrateiros
Enfeitiçando-me com sua ousadia.
Majestosamente despudorada
Rainha em seu trono de covardia.

Nua, os teus braços como pássaros
Clamando amores revirados...
Devaneio de olhos abertos e reajo
Ao ardor que tenta se alastrar.

Preferistes um castelo mais pomposo
E tens outro servo a encantar.
Hoje sou ex rei, morto de desgosto
E teu amor esconjuro num esgar..


-Helena Frontini-