Maldito pensamento

É sangue!

É o sangue que não me pertence.

É o sangue que se esvaiu.

É a ferida de que se abriu

E agora, fez-se em meus pensamentos.

Morri num momento,

Naquele instante em que me percebi comum,

Igual a todos, sem personalidade.

Busquei me manter na ilusão de que fosse uma brincadeira,

Mas já não era como antes.

As palavras já haviam sido ditas

E o pensamento já me habitava.

Esse maldito é meu inimigo,

Por ele me mato e também morro,

Me torno o assassino de mim mesmo

E a vítima de um ser cruel que só existe, porque existo,

Mas mesmo assim me devora e nada mais faz.

Maligno!

Maldito!

Não espero em ti mais nada.

Saiba que já está morte

E o que julga amizade já não encontrará em mim.

Que eu seja consumido por essa voz,

Que tanto fiz questão de ouvir.

Que ela me surde, assim, terei o castigo merecido,

Pois fui avisado e a mim mesmo me fiz surdo.

Ó morte! Consuma esse momento

Que esse instante de angústia e solidão seja acabado.

Quero de volta o meu silêncio,

Quero que nenhuma voz me participe,

Quero ser livre de importâncias e admirações.

Elas me influenciam, pois eu as escuto.

Estarei ao fim, enquadrado nessa tristeza e solidão.

Serei lembrado por um porta retrato.

Minha foto será emoldurada

E pregada na parede.

Serei motivo de tristeza, derramarei algumas lágrimas,

MAs no fim estarei enquadrado no que chamam caixão,

Mas que nomeio silêncio,

Que carinhosamente chamo descanso!

Dsoli

Dsoli
Enviado por Dsoli em 28/06/2010
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