A Rosa e o Vinho
Ele chegou com um buquê de rosas nas mãos,
uma garrafa de vinho e um sorriso enamorado.
Entrelaçou sobre mim um olhar, um doce olhar,
envergonhado ficou, queria pedir perdão por ter
causado-me tantas dores.
Achou que as rosas e o vinho nos levaria ao leito.
Novamente fiquei a ouvir lamúrias e assistir uma
lágrima no canto cair, tentei fazê-lo
compreender que não haveriam rosas, vinho e
leito que aliviasse todo meu sofrimento.
Sussurrou palavras que nunca ouvi e respondi
num baixo tom de voz:
- Leve suas rosas, o vinho e teus desejos, nenhum
deles apagará as mágoas que tu me trouxestes.
Ele relutou, esbravejou, provou o vinho,
jogou as rosas no chão, enraivecido,
enfurecido, não acreditou, muito
menos aceitou que tudo era findo.
Depois de tantas dores, o amor acabou!
Virou as costas, saiu...fechou e depois
abriu a porta e perguntou-me:
É o fim?
Por um minuto silenciei meus lábios e olhei-o,
nem precisei balbuciar ele compreendeu e à
porta encaminhou-se e murmurou:
Eu volto porque Te Amo!
Um instante depois eu pensei:
É fácil fugir das rosas que tentam
espetar-me, difícil é fazê-las compreender
que eu não quero ser espetada.