EXPLOSÃO DE LUZ
Acordou-me o sol com seu grito de luz
entremeado pelos gorgeios de pássaros voando
e folhas farfalhando ao impacto da brisa.
Cumprimentou-me um pingo de orvalho
que ainda sobrevivia da madrugada morta
resistindo à ardência solar que começava
Por que não nascem pombos cegos?,
perguntei-me admirando um deles no ar
à procura do suado desjejum
Quem me respondeu foi um vento súbito
dizendo que aves não são frágeis
a exemplo dos pobres humanos
É lícito ao cruel assassino o direito
aos direitos humanos, enquanto
sua vítima e órfãos sofreram as agruras?
Respondeu-me uma coruja atrasada
para o sono diurno afirmando que
os homens são mesmo incongruentes.
Meu dia iniciou-se perdido em indagações
desencontradas e respostas contundentes
que ameaçavam transformar-me em azedume