Aquarela

A vida se descobre,

Tira o manto, se relata.

O azul se tranca entre as cinzas,

Enquanto o branco é manchado.

A mão imperfeita do homem,

Traça seus pincéis,

Desfazendo o belo, fixando cores,

Temas, sabores estranhos.

A ilusão o sonho desbotado,

Jogados ao pó, vento leva.

Caminho, idéia perplexa,

Desatino total,

Mundo infernal!

Quero ser capa de revista,

Cheio de cores, tocado pelo sintético,

Quero ser cético,

Dopado para enfrentar a fúria,

O desprezo por todos por tudo.

Quero ser, ver melhor, retinto,

Vou manchar os véus nos altares

Vou ser notado,

Combatido, apedrejado,

Mas, chamarei a atenção,

A bandeira será exposta,

Uma fratura doída,

No ritmo que a vida leva.

Quero riscar muros,

Poluir o poluído,

Apodrecendo no asfalto,

Exalando cheiro para que acordem

E leiam meus poemas.