Poemas para mim mesma II

lisieux

Cala-te, poeta!

Recolhe tuas frágeis

palavras - borboletas

tuas pétalas,

tuas rimas prediletas,

tuas rosas, teus cheiros,

teus perfumes

e todo o azedume

da falta de carinho.

Ajunta os teus versos

e inversos sentimentos

reverso do universo

utópico e sedento

de tua alma ávida

de ninho.

Cala-te, poeta!

Rasga tuas páginas

projetos rabiscados

ou guarda na gaveta

e nunca mais refaças

teus versos deivarados

- devorem-nos as traças! -

Cala-te, poeta...

Agora! De uma vez!

Acorda da utopia

e escorre a tua mágoa

apenas no silêncio

dos olhos rasos d'água,

na dor desmesurada

dos pobres passarinhos...

Cala-te! Teu verso silencia

no canto mais profundo

do peito em agonia

na dor descomunal.

Porque isso era fatal...

já se sabia...

Enterra o teu desejo de mulher!

Pois "neste mundo,

- o 'teu' poeta já dizia -

eles não sabem do amor,

uma lágrima sequer". *

BH - 27.07.06

* O verso destacado é de Thalma Tavares (um dos mais absolutamente LINDOS que já li)

lisieux
Enviado por lisieux em 02/09/2006
Código do texto: T231334