"AH, ELES NÃO SABEM DO AMOR NENHUMA LÁGRIMA"
(Resposta a: “Quem sabe do amor no mundo novo?”, de Thalma Tavares)
Quem sabe me dizer da solidão cinzenta
sangrenta dor cravada, estaca, gume,
que dilacera o coração e apaga o lume
do caminhante coração poeta?
Quem, neste mundo é capaz
de tocar com os dedos
as teias do passado
e descobrir imponderáveis medos
nos porões do tempo?
Quem é capaz de decodificar
a tristeza sem par
das mariposas sem asas
pela luz, ofuscadas, mortas nos passeios
queimadas nas lâmpadas de neon
dos letreiros?
Aqui, tudo acontece como pesadelo
como novelo de dourados fios
aparente enfeite
que amarra o sentimento
e desamarra o tédio
liberando o assédio
do frio desamor.
Aqui o esgar dos lábios anuncia
a falsidade, a vil idolatria
dos (des)valores da sociedade.
Aqui já passa a idade dos sonhares
já não se vêem mais os luminares
dos cintilantes astros das paixões.
E enquanto o mundo ri à minha volta
escarnecendo desta minha dor
engano a solidão com meus poemas
vou repetindo versos, frases, temas,
vou sepultando amores e dilemas
por tudo aquilo
que não posso expor.
- Ah, amado...
"eles não sabem do amor nenhuma lágrima..." -
BH – 04.08.06
03h38m