CARTA DESTINATÁRIA
Aqui, num instante qualquer de um insano calendário
Amado
A felicidade nasceu como uma estrela nova, pulsando luzes que jamais vi em meu céu. As orações que elevei em momentos de sonhos dissiparam as nuvens que cobriam o brilho que vinha de ti. Foi assim que te vi cobrindo-me total e intensamente, depois de viajar anos-luzes.
Na infinitude desse universo, fostes todos os astros, desencadeando elipses, contornando curvas no espaço, desenhando novas constelações até transladar meu coração para o peito teu, deixando-me nua dos sentimentos com os quais te envolvo.
Mas, agora, é a hora da partida do cometa e na sua cauda quero ser passageira, viajando na primeira classe, para bem longe do sofrimento. Não levo nem bagagem, pois todos meus bens a ti pertencem. Assim, estou leve, porque não carrego mágoas, amor, tristezas, arrependimentos, lembranças, razão, vitórias ou qualquer destino. Sou um vazio repartido.
Parto para desembarcar em qualquer lugar longe dos teus olhos. Não posso ter essa constelação facial a me guiar. Portanto, não irei me desvirtuar do objetivo. Deixo o tempo e o espaço preparar sua teoria.
Enquanto isso, não faço previsões, deixo apenas a visão do meu último adeus, antes de virar a curva, logo depois da lua e sumir nos versos teus.
A namorada