"ESPANTO"
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
"Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança";
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
"E em mim converte em choro o doce canto".
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
"Que não se muda já como soía".
Rememorando este belo soneto
Escrito há quase quinhentos anos,
E observando os acontecimentos
Que atualmente têm nos deixado estarrecidos,
Concluímos que ele soa aos nossos ouvidos
Como uma PROFECIA LÍRICA!
Obs. O título e as aspas são meus,
O mais é do sempre atual Camões.