DESPETALANDO

Tudo apontava
Para um desastre
Iminente e fatal
E mesmo sem seguro
Resolvi arriscar
Eu fui lá, sem olvidar
Agarrei e arranhei
Parti e provei
Degustei sem hesitação
Sem medo de digestão
Ou congestão
Ou contaminação
Eu cravei os dentes
Feito predador na presa
E me deliciei, regozijei
Lambi os beiços, os dedos
Para no final pagar o apreço
Preso na etiqueta a esquerda
A direita, a espreita, haja feita
Estampada no teu rosto
No teu lívido olhar
No teu jeito de andar
Nos teus trajes
Nos trejeitos
No teu corpo
Assimetricamente
Perfeito ao leito
No teu falso endereço
Nos seus mil adereços
Pena, você não tinha um preço
E eu não podia pagar
Rasguei o cartão-coração
Outro dia eu marcaria pra sonhar
Hoje ainda não dá
Afinal estou mesmo num bar
Por enquanto vou mesmo
É me embriagar
Até parar esse fragmentar
Desse meu incansável
Estado de não conseguir marcar
Tudo o que nunca vem pra ficar.
Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 31/05/2010
Reeditado em 02/06/2010
Código do texto: T2292297
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