Mariposa

que farei
das minhas noites em claro
e dos meus dias em vão?
onde deporei meu desamparo
para não dizer solidão?
minhas rosas desfolhadas
meus malmequeres arrancados
de pétalas mortas no chão?

sementes foram rodopiando na vastidão

ilha que sou
lago num assombroso deserto
sobrepovoado
de desencontros
e desencontrados

borboletas bailam
ofício de beija-flor
ao sol primaveril
a brilhar no seu azul

mariposa parda
que mal voa-avoa
quebro-me na janela
que brilha lá fora
luminosa mas alheia

porque nasci com asas?
porque não me apaguei estrela?