angustia corporificada
ainda te tenho nos bordeis de mim
nas cantigas estéticas
e nas verduras da feira.
te tenho na angustia do ceu
nas artes do rio
e nas estradas sem fim
te tenho quando sinto dor
quando sinto amor
quando sinta raiva
te tenho no caminho
no destino
e quando volto
voce é sombra é fera é noite.
te tenho no banco
no café, nas greves
e no meu sálario.
Tenho quando estou perto
tenho quando estou longe
quando tenho outra
ou a solidao é voce
Tenho no choro
nas lagrimas
na Tv, no mar
na viagem
na revolta da plebe
no povo faminto que grita
que chora
e que também aguenta
bem firme
firme como a minha revolta
fime como essa ardor que trago entre as pernas
tenho suas aventuras secretas
seus amantes
seus fingimentos
tenho o que nao fui
o que fui
tenho a malva
o bicho que carregava
os cachorros escurraçados do quintal
tenho as mais loucas aventuras inventadas
criadas
e maltradas pelo louco apaixonado que
ainda me habita...
tenho o mundo no meio das pernas