FRACASSO
Odir, de passagem

Tentou, nas trevas, por-se em movimento,
mesmo a temer o transitar tremente,
sua vontade de seguir em frente
fazendo falta a cada passo lento.
Mas perder não podia esse momento
dependente da força de seu passo,
embora o tempo se tornasse escasso
para escolha da estrada a ser seguida:
Por dois caminhos levaria a vida
ao ventre da vitória ou do fracasso.

Apesar do calor, suava frio.
A noite insonte a lua desprezara.
A bruma dos bruxedos se apossara,
dando dicas do nada pro vazio.
Enfim, o fardo frágil do fastio
das idéias, gerou-lhe o descompasso,
o corpo consistente, agora lasso,
temendo a decisão desconhecida:
Por dois caminhos levaria a vida
ao ventre da vitória ou do fracasso.

Tremeu nas bases, frente à encruzilhada.
O sonho se postara pesadelo!
Os gestos seus cessara o cerebelo.
A voz da sua voz ficou calada.
A noite se fizera madrugada
ao coração, carente de compasso.
Clamou, então, às musas do parnasso
dos versos a visão mais comovida.
Mas nada adiantou, levou a vida
ao ventre vacilante do fracasso!
 
JPessoa, 23.05.2010

oklima
Enviado por oklima em 23/05/2010
Reeditado em 18/06/2010
Código do texto: T2275419
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