Sob o Sol
Quando aqui cheguei eu vi no Sol
Um brilho tão diferente do que conhecia até então.
Pisava nessa terra com firmeza,
Trazia força e destemor no coração.
Cavalguei desertos, vi estrelas,
Olhava o céu e conversava com meu Deus.
Comandei exércitos dos mais bravos, valorosos,
Poderosos homens nascidos até então.
Vi grandes cidades construídas,
Pobres aldeias destruídas sob o peso de nossos pés.
Despojei homens da liberdade,
Mulheres de seus homens e as crianças de seus pais.
Orava pelos filhos vigososos, destemidos,
Educados de nossa nação.
E os filhos de outros homens, de outras terras,
Suas vidas, seus amores, eu os fiz tombar no chão.
Mas tudo nessa vida tem um preço
E eu não sabia quão amargo ia ser o meu quinhão.
Passada a era da inocência abri os olhos
E chorei com a obra de nossas mãos.
Nossas belas cidades com nossos filhos, talentosos,
Endurecidos, sem amor no coração
E os filhos de outras terras, revoltados,
Odiando seus destinos, sem nenhuma direção.
Nos campos em que marchei vitorioso,
Abençoado por meu povo, como um grande herói.
Hoje só me sinto um grande tolo,
Vendo as flores destruídas e os espinhos nos jardins.
Com a minha força acreditei estar fazendo
Um mundo novo, um paraíso neste chão,
Mas, tudo o que era frágil e era belo eu esmaguei,
Por esses campos e dentro de mim, também.
Agora a tristeza reina em minha vida e tudo me parece tão vazio...
Nessa terra...
Nossa terra...
Sob o céu...
Sob o Sol...
Tão vazio...
Sem amor.