Enterre-me com seu amor

Se meu coração fosse à lua,

Que prateia teu cabelo em negrume,

Ver-te-ia então – virgem e nua,

E sentiria da noite o teu doce perfume!

No entanto agora, nesta lápide erguida,

Vejo entre o calor do círio ardente,

Que fostes do existir a sombra! E da vida,

Minha musa de espírito inocente!

E morreste por fim, quando a juventude,

Brotou neste seio que eu fiz corar,

Acorda! Erga-te deste amadeirado alaúde,

E cura esse meu peso de tanto cismar!

Nunca mais! Vou ter-te nos meus braços,

Para sentir o frenesi do sagrado amor,

Ao menos, meu anjo seguirá meus passos,

Na tristeza que enluta a minha dor!?

Leve-me contigo, abaixo deste inferno,

Na qual repousas o teu espírito cativo,

Sem ti! O meu viver é o frígido inverno,

Que amortalha esse humano ainda vivo!

Não ria de mim!Que de teu amor tenho fome.

Qual o vampiro que molesta o sacristão,

Nas noites insones clamo a Deus- o teu nome,

No ondular das notas do meu coração!

E uma ultima vez, verei tua face fria volver,

No túmulo retorcendo-se na insana dor,

Leve-me contigo! Anseio muito pelo morrer!

E afora enterre-me com o teu divino amor!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 16/05/2010
Código do texto: T2261403
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