Assombros...

Aos meus conflitos

Aflito peço clemência

Por que tanto desassossego?

Sossego é o que clamo

Ao menos um pouco de paz

Daquela paz que me trazia teu sorriso

Trazia, não traz mais

Fazia, não faz mais

Tanto fez, tanto faz

Tenho tido muitos medos

Tantos que nem conto

Todos, que nem mais canto

Encantos perdidos

Palavras caladas

Mortas na boca

Lábios secos

Sem sorrisos

Sem risos

Sem beijos

Sem poesia

Apenas rascunhos

Esboços amassados

Jogados do lado

Dias sem brilhos

Noites escuras

Lentas

Silêncio quebrado

Pelo tique-taque teimoso

Do relógio na parede

Acúmulo de poeira do tempo

Em meus temores

Estertores

Tremo de frio

Na porta do inferno

Triste inverno

Esse que se faz em mim

Na escuridão

Ainda sonho tua mão

Minha salvação.

Roberto Coradini {bp}