Amor perdido
queria morrer apenas por um segundo
para poder observar meu olhar perdido
de maneira que meu espelho não me permite
queria julgar o brilho que restaria
de um corpo tão fragilizado
minha emoção me arrastaria sem sentidos
num vôo alucinante, imbecil
me drogo com minha resignação
me consolo com meu teatro,
triste interpretação,
cujo crítico e espectador
são meus olhos,
cujo prêmio é o despercebimento
cuja duração é infinita
enquanto durar meu duelo,
meu peso fraco em meus passos frágeis
serão o resquício de um passado tão distante
quanto a verdade de minha alma
perdi a quem amei
ganhei um amor a quem devo fidelidade
perdi a razão, ganhei novos sentidos
tornei-me um ébrio aprendiz
seguidor de nobres conceitos
que escondem minha dor
e o medo de demonstrá-la,
a alimenta tênuamente