INTRIGA

Por hoje provarei da taça amarga

Embriagarei a alma, gota a gota

Trocando a veste limpa pela rota

Carregarei o peso dessa carga

Poça nos olhos deixa essa briga

E um gosto azedo nada pela boca

A calma de antes agora é pouca

Segue a escorrer o fio da intriga

Decidida, então, tomarei um porre

O amor que era eterno, hoje morre

Afogado na taça; profundo amargor

Uma lágrima fina no rosto escorre

Não sei bem se é de alívio ou de dor

Provar dessa taça me causou pavor

(Lena Ferreira)