Cinza Tarde

Sufocante cinza tarde,

qual horror sem alarde.

Ouço o terror que goteja

e a prece de quem verseja.

Na Sé, os monges gregorianos.

Nos bordéis, a nudez de pouco panos.

Homens fazem planos

e mulheres choram danos.

Porque de branco se veste a recusa.

E de preto quem acusa.

E de vermelho quem abusa,

do amor que já não se usa.

Um vivente apaixonado

com métrica e rima

te faz obra-prima.

Conterrâneo

do Mediterrâneo,

que cavalga ondas

em liquidas rondas,

louco Poeta

e pseudo Profeta,

esperança de Pandora

e o amor da bela Flora,

vem comigo, já é hora.

A morte não demora.