Tuas Mãos
Tuas mãos que ao teclar me acarinhavam,
tuas mãos que um dia tocaram minha pele;
as mesmas mãos que minha boca beijavam,
as mesmas mãos que hoje meu amor impele.
Tuas mãos que os meus anseios desfizeram
os castelos de meus sonhos, triste viver;
tuas mãos que os mesmos sonhos me deram,
destroem a minha inspiração de escrever.
Tuas mãos que um dia qualquer me amaram
nas quentes noites em que nasceu o amor;
as mesmas mãos que em noites abraçaram,
são as mesmas mãos que repelem o calor.
Tuas mãos, hoje, sombrias se escondem;
as lembranças de tudo é o que restaram.
Tuas mãos quando pergunto não respondem;
as mesmas que em silêncio me enterraram.
Tuas mãos saudosas deixaram-me um vazio;
nos meus dias e noites falta-me o dizer.
As mesmas mãos que extinguiram meu estio
enterram os versos que restam por dizer.
Tuas mãos dantes nosso amor descreveram
o mesmo amor que vês como inaceitável.
Tuas mãos que ainda não se aperceberam
o quanto meu amor por ti é inigualável.
Tuas mãos que ainda muito entristecidas
desconhecem a imensidão do meu sofrer;
as minhas mãos, hoje, escrevem rendidas
a falta que as tuas não me deixa viver.