PEDRO

Pedro pela praia passeava,

Pedro pela praia se perdia,

Pedro, que de si não se lembrava,

amava, enquanto ele o esquecia.

Pedro pela praia se queixava,

pensava, enquanto a praia nem se via.

E Antônio, que de Pedro não lembrava,

olhava para outro, que sorria.

Pedro pela praia se deixava,

e ele, ainda belo àquele dia,

chorava, enquanto Antônio se esbaldava,

e a vida, suicida, se esvaía.

Pedro pela praia flutuava,

leve como pluma ao meio-dia.

Singelo, como a brisa que tocava

seu belo rosto morto que sorria.