Lipstick, Rubro Dilúvio
Comendo com os dentes
O alimento da intuição
Mordendo com o ventre
O sexo na contramão
Como é terrível o desamor
Agora você sabe, houve
Um amor você não viu
O vento caliente do carinho
Perpassando os pelos
A pele surda de sua solitude
A mente a mil quilômetros
O corpo um ímã de tudo
Traindo a todos como se
Amar fosse absurdo. Os
Amantes a haviam traído
Você era agora apenas
Traição. Não acreditava
Em carinho, no amor perdeu
Para sempre a convicção.
Aprendeu a gostar e a
Segurar a flor amarela da
Ilusão. As sensações passam
Rápido. Não tens mais como
Acreditar no sabor do agora
Seu corpo vestido com a
Roupa da moda: a mágoa
Veloz perpassa fugaz. Os
Impulsos do afago dos
Cuidados fogem dos pulsos
Das mãos. E se um dia
Caminhasse na chuva é
Como se ela não te molhasse
Porque estás encharcada
Da velocidade malamada
Com que devoraram teu
Mundo entrepernas. Quem
Te poderá estender a mão
Se foges correndo da
Possibilidade do afeto?
A chuva torrencial te molha
Os lábios mas não serve
Para lavar a tua desilusão
Serás para sempre a
Obediente menina perdida
No larbirinto da modernidade
Flutua tua mocidade em
Busca desesperada de mais
Uma ilusão. É só do que
Precisas. A veloz cidade
Faz parte de tua vida. Não
Adianta a chuva fluir em
Gotículas bailarinas. A
Inundação inútil da carícia
Essencial em teus pelos
Não tens mais a recepção
E o zelo que te poderiam
Salvar de teu passado da
Solidão feroz que te devora
As entranhas e teus lábios
Inutilmente pintados
Novamente de vermelho.