O Estranho Caminho De São Tipapo
Leve o que restou de seu corpo
Afeiçoado ao trivial
Entediado de ilusão
Para o “trottoir” noturno do
Lixão. Depois não venha querer
Pegar carona nas ondas da praia
Do meu coração
Desfile elegante seu perfil de modelo
Angelina Jolie da praça de alimentação
Entremesas some-se à comida em oferta
E pelo lance mais promissor
Saia com quem ganhar o pregão.
Depois lave outra vez no seu rosto
As marcas das lágrimas no escuro
Quem sabe num dia futuro
O sambista se lembre de tudo
E ponha você em seu samba-canção.
Leve o que restou de seu corpo
Afeiçoado ao trivial
Entediado de ilusão
Para o “trottoir” noturno do
Lixão. Depois não venha querer
Pegar carona nas ondas da praia
De meu coração
Manteve a forma na malhação
Leu “Onze Minutos” do Paulo Coelho
Você não deseja ficar pra titia
Nem levar pra Suíça aquele pentelho
Que você não abortou porque
Ouviu os conselhos da Fulana Beltrana
Da dona Maria.
A criança, Isabella, não mais que garantia
Se as coisas por lá não derem muito certas
Quando não servirá de pé-de-meia
A menina já aprendeu a andar
Por via das dúvidas ou dúvidas da via
Haverá garantia do exame de DNA.
Leve o que restou de seu corpo
Afeiçoado ao trivial
Entediado de ilusão
Para o “trottoir” noturno do
Lixão. Depois não venha querer
Pegar carona nas ondas da praia
Do meu coração
O provável pai da criança tem dinheiro
Esperta, não perde uma novela da Globo
Se os planos de vida não derem muito certo
Lerá o livro do Paulo Coelho de novo
Se de novo engravidar de outro cliente
Perfeito, providenciará para que o feto
Seja logo levado pelo lixeiro.
Mulher muita da bem informada
Pluga-se todo dia no Messenger
A clientela selecionada
Para o tira-bota no mexe-mexe
Agora vai ganhar em dólar obscuro
No faz de tudo lá na Suíça
O Paulo Coelho é quem garante
A coisa toda lá não rola
Por mais de Onze Minutos.
Leve o que restou de seu corpo
Afeiçoado ao trivial
Entediado de ilusão
Para o “trottoir” noturno do
Lixão. Depois não venha querer
Pegar carona nas ondas da praia
De meu coração