OCASO

No ocaso dos meus versos

encontrei o sol se pondo

e vi a lua nascendo já morta

na noite sem estrelas, amorfa

Havia pétalas murchas

em lamaçais, pisoteadas,

e borboletas esmagadas

sobre rochas velhas, rubras

Fragmentos de bê-a-bá tolos,

sílabas gaguejadas, soltas,

e também rimas revoltas

em poemas desbaratados

Foi o entardecer da inspiração,

última gota d'agua, insípida,

nota-fim do canto do cisne, nítida,

voo sem direção e sem lucidez.

Ah esse luar que não floresceu,

tantas estrelas jamais acesas,

céu da noite apagada, espessa,

madrugada esquecida na correria.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 05/04/2010
Reeditado em 05/04/2010
Código do texto: T2179581
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