Meus fados
(Autoretrato)
Jovem retraído e tímido,
caladão e teimoso.
Arguto observador
das coisas ao derredor
para sempre guardadas
só para si. Para sempre a sós.
Riso pouco, conversa menos
ansioso por descobrir
da vida, o bom viver
dos sonhares, o acontecer
em horizontes longínquos
perdidos... a descobrir.
e os maus sonhos recolorir
para apagar os momentos de angústias
das metas inconclusas.
E com exatidão obter respostasas
às perguntas obtusas:
Quem fui? Que quero? Quem sou?
Mareante de nau sem remo
de quixotescas andanças
em pélagos de mares ondulantes
onde onda não vem antes
vem depois, de qualquer jeito
Contra ventos e procelas
sem velas eu velejei
E de paisagens, outrora, tão belas
do amor fui degredado.
Por ter sido retraído e tímido,
jovem caladão e teimoso,
e observador arguto
continuo deste ser colhendo o fruto
e sobre nadando aos meus fados