Doce vingança

Um ar de frieza

Igualando-se ao ar

Condicionado,

nos separou frente a frente.

No discurso sempre igual

dos burocratas medíocres,

ouvi a voz há tanto ausente.

Pela primeira vez,

recebeu de mim

Plácida ignorância.

(Já não clamo por migalhas!)

Pela primeira vez

um cheiro de terno guardado,

Naftalina?

Incomodou-me.

Durante o tempo que compartilhamos o mesmo local,

Nada emocionou,

Não me senti tampouco,

abaixo da linha do Equador da rejeição.

Confirmei o surreal da figura patética.

Nauseou-me a fala treinada sobre o 1o evento do dia.

Também foi grotesco ve-lo sair às pressas

ensaiando a desculpa

Vi em tudo, disfarce, estória, protocolos.

Afinal, lembrei-me de que

Havia ali uma figura muito comum.

Estive impávida!

Colosso!

Vinguei-me calma e friamente quando ao passar por mim,

Não teve êxito na tentativa de acenar-me.

Eu não o vi!

...e o ar condicionado atingiu nesse momento,

uma baixa de temperatura insuportável....

Tudo e todos congelaram!