ABISMO
O andar é lento...
Os meus olhos desaparecem fitando o horizonte...
As minhas mãos e o meu rosto sentem o vazio do ar no meu delirar...
Caminho mais um pouco, paro!...
Mais próximo do que isso é impossível...
Avisto um pássaro que esnobemente no penhasco, fica a planar...
Minhas pernas estão trêmulas, ...
Fixo a minha visão no abismo, sob os meus pés...
Coragem colada na emoção, num estranho desejo de se atirar...
Ave medíocre...
Ela não me ensinou a voar...
Acho que é muito alto e volto, não é hoje que eu vou me matar...
Vila Velha/Paraná - 1985.