O QUE O TEMPO TECE

Já me encosta à parede a Vida

Levando meu dia soalheiro

Agora nem novas, sou ave perdida

Sem ter poiso, ou poleiro.

No meu olhar sinto o vazio

E a culpa e o dano são da vida!?

Já a vida é noite onde o frio

Me deixa de tristeza vencida.

Minhas palavras são seara

Florescendo no meu peito

Ele que a Vida tanto amara

Vê seu tempo já tão estreito.

A Vida é como o vento logo vai

Deixa a saudade de outrora

Que do meu coração não sai

Vive nele a toda a hora.

Voa,como o vento não se prende

E é livre como o Amor!

Pára o relógio de repente

E nos consome de dor.

Resta a minha esperança acesa

Que de esperar não se cansa

À noitinha faço reza

E aguardo da Vida mudança.

Me embalo nesta ilusão

Enquanto fôr, hei-de lembrar

Que a Vida não foi em vão

Mas que ninguém pode amarrar.

A esperança o tempo é quem tece

E eu sou nele caminhante

Quem dera que Deus me desse

Um viver lá por diante.

Ferve-me o sangue nas veias

Mesmo em dias de monotonia

E todas as minhas ideias

As transformo em Poesia.

E vou gritando até que com o sono

Os olhos se fechem talvez!?

Já na noite me abandono

Deixo esta trova de vez.

natalia nuno