LÁGRIMAS DE DESILUSÃO
A madrugada caminhava vagarosa
tal qual um vagão imerso em lentidão.
Meus olhos fitavam a escuridão,
enquanto a respiração pesada ao meu lado
teimava em romper o silêncio no ar.
Palavras recentes e lembranças passadas
tamborilavam em minha mente confusa.
Imagens desconexas surgindo em profusão
descendo pelo meu peito
feito larvas de um vulcão.
Minh'alma insone depôs o meu corpo.
Destituída de qualquer escrúpulo,
saiu de sua inércia e por vontade própria
pôs-se a caminhar.
Desnudada dos trapos terrenos
a alma mal sentia o peso de seus passos.
Uma floresta negra apareceu diante de tudo, mas
surgindo do nada.
Árvores de galhos esqueléticos
balançavam nuas em acirrada resistência
ante o vento áspero e frio que açoitava sem perdão.
A pálida lua assistia a tudo
entre as nuves cinzas que tingiam a triste noite.
A chuva densa correndo por entre os sulcos
do meu rosto cansado de tanta desilusão,
misturando-se às minhas lágrimas
temperando de forma ácida
minha angústia e solidão.