LÁGRIMAS DE DESILUSÃO

A madrugada caminhava vagarosa

tal qual um vagão imerso em lentidão.

Meus olhos fitavam a escuridão,

enquanto a respiração pesada ao meu lado

teimava em romper o silêncio no ar.

Palavras recentes e lembranças passadas

tamborilavam em minha mente confusa.

Imagens desconexas surgindo em profusão

descendo pelo meu peito

feito larvas de um vulcão.

Minh'alma insone depôs o meu corpo.

Destituída de qualquer escrúpulo,

saiu de sua inércia e por vontade própria

pôs-se a caminhar.

Desnudada dos trapos terrenos

a alma mal sentia o peso de seus passos.

Uma floresta negra apareceu diante de tudo, mas

surgindo do nada.

Árvores de galhos esqueléticos

balançavam nuas em acirrada resistência

ante o vento áspero e frio que açoitava sem perdão.

A pálida lua assistia a tudo

entre as nuves cinzas que tingiam a triste noite.

A chuva densa correndo por entre os sulcos

do meu rosto cansado de tanta desilusão,

misturando-se às minhas lágrimas

temperando de forma ácida

minha angústia e solidão.

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 17/03/2010
Código do texto: T2143772
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