o que houve?
eu morei a vida toda em minha cabeça
hoje nao moro mais
e meu corpo está uma bagunca
vai demorar um pouco pra eu arrumar minha casa
Na minha barriga uma tristeza
uma rava em minhas pernas
um desencanto no corpo todo
minha infancia nao vivida hoje esté em meu corpo
como uma promissora
ninguem e explicou a ausencia de vida
se nao deve a vida
tambem faltou palavras que explicasse isso
agora ainda nao tem vida
tem essas sensações
que sao notas de cobrancas
venceu seu prazo, explicou-me uma sabio bebado
As praças estão sujas
as ruas sem festa
e os amores se mudaram
A cidade inteira está cabisbaixa
um tanto parada
triste e pouco receptiva
nao quero mais viajar
nao tenho vontade mais
quero a vida agora na minha sala
nas mangueiras da infancia
na outra face do muro
e nas intrigas do palacios
quero o nada
o negro
o azul
e o ceu pode ficar no ceu
se as estrelas nao aparecerem
tudo bem, nao se preocupe comigo
nao quero viajar
daqui posso ir a qualquer lugar
o muro é um passaporte dificil
os menino maiores andam sempre com sapatos novos
e a igreja não me é tao importante
o desencanto é um manto que jogamos nos lugares que um dia foi bonito
cobrimos com cinza
o azul do ceu
e o branco das casas ricas
Queria ser rico
nao a riqueza dos astronaltas
queria a riqueza do pao
a riqueza que se desfaz no armazem
aquela que alimenta os mercados
e amolece coração de mulheres histéricas
meu mundo está rodeado pela riqueza
o riqueza aqui não é uma abstracao
é um muro de concreto armado
um muro alto de pequenos furos
por onde vaza grunhidos de prazer
as mulheres do lado de lá tem pernas sempre belas
suas roupas sao tao lindas e modernas
e seu sorriso é facil e sem motivo
meu amor quer saltar o muro
entrar
invadir
e me soterrar nessse jardim
a festa está sempre lá
festa de pernas
a festa alhures
do outro lado...
eu poderia ir lá
mas assim que entrasse meus olhos me cegaria
meus ouvidos me negaria o som
e minha pele seria pedregulhos e madeira velha
a vida murcharia de mim
é um prisao
vontade e desejo me matam os dias