Paixão, como se usa?
Não sei usar a paixão
Pedra de fogo riscando o céu
Carrossel de impulsos
E veredas desconhecidas
Às vezes, acelera meu peito
Inflamando com doçura
Cortando com a língua cruenta
Sua frágil textura de cor e dor
Às vezes congela meu ânimo
Picolé de chuchu
Tédio de domingo
E busco abrigo
Chorando ao luar
A paixão é assim
Nasce do nada
Quando vê estou na escada
E rolo até o fim
E me fodo e me flagelo
Atropelo a língua
Corto os pulsos, bebo água sanitária.
Pra alvejar a penumbra da rejeição.
É lasca, a paixão.
Às vezes gosto tanto
Que derretido em prantos
Engasgo-me com o doce sumo
Do fel que escorre da linda boca
Que diz “não” aos olhos secos
Arreganhados de paixão