A CARTA
Chegou sem aviso:
Perdida
Na ausência do perfume
E no tato sem mordida
Um amálgama de frases
Repleto de palavras
Agora já tão secas
E antes, quão suaves!
O som de portas batendo
Do estalar de cadeados
De revelações perversas
E eufemismos coalhos
Deixando-me em lugar vazio
Dentre vogais: eu hiato
Nunca mais orações pulsantes
E nem sonetos rasurados
Porém se agora eu sou mais teu que meu
De quem serei ao pegar-me olhando o teu retrato?