A CARTA

Chegou sem aviso:

Perdida

Na ausência do perfume

E no tato sem mordida

Um amálgama de frases

Repleto de palavras

Agora já tão secas

E antes, quão suaves!

O som de portas batendo

Do estalar de cadeados

De revelações perversas

E eufemismos coalhos

Deixando-me em lugar vazio

Dentre vogais: eu hiato

Nunca mais orações pulsantes

E nem sonetos rasurados

Porém se agora eu sou mais teu que meu

De quem serei ao pegar-me olhando o teu retrato?

EMERSON BRAGA
Enviado por EMERSON BRAGA em 25/01/2010
Código do texto: T2049910
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