Eu não te disse nada
Quantas vezes me rasgastes a alma
num dia azul numa noite de luz enfim
Em esperas sem resposta, agonias de mim
Promessas rompidas como fios partidos
Soltos ao vento do amanhã talvez
...e eu não te disse nada!
Quantas vezes destruístes meus sonhos
distribuindo carinhos que não eram para mim
e a minha dor te indignou injustamente
me condesnastes a lágrima insistente
a solidão escura e sem fim
...e eu não te disse nada!
Me feristes em ausências prolongadas
e a alma teimosa ainda acreditava,
em loucuras, sentia que me amavas,
desenhando ternuras, rabiscando ensejos
para não ver o desamor que imperava
me neguei a retirar as lentes desfocadas
... eu não te disse nada!
Me negastes as respostas que pedia
no silêncio gritante que eu não ouvia
No meu desvairio insistia no inexistente...
e sofria pelas poucas migalhas de afeto
Atiradas ao leo...rasgando véus
...e eu não te disse nada!
Te fiz deus e sem limites
em adorar-te resumi meu viver
vendo meu eu em pedaços espalhados
pelas areias douradas da existência
morrendo pouco a pouco...lentamente
... e eu não te disse nada!
Me negastes a ternura do estar juntos
resumindo a minutos ocasionais
meus anseios de estar contigo
Nem o direito de questionar me deste
tal qual o pedinte a quem se dá a esmola
...e eu não te disse nada!
Escolhestes a mais cruel das formas
de se dizer adeus a quem nos ama,
gotejando carinho aos pouquinhos
para não secares em mim, sem
te importar o preço que eu pagava
...e eu não te disse nada!
Agora vens me falando de amor
tentando resgatar o nada
já não sofro, só lamento
a mentira de amor que vivi um dia.
Minha alma está alforriada
E eu já não posso te dizer mais nada!