Diálogos
-Tu dizes amar-me,em teus versos mas em ti
não creio,não o dizes tão sinceramente;
falas de um teu amor que eu não conheci;
quem nunca falou-me de amor ontem,
hoje amor por mim não sente...
Quando eu esperava(e certeza tenha de que esperei)
um único gesto teu,um único e tão somente
que justificasse os versos que hoje escreves,
não encontrei;
manifestações de amor falam muito mais quando
silenciosamente...
-Oh,amada minha tuas palavras eu bem as entendo,
entendo que não vês hoje o amor que ontem querias,lendo
os meus versos;mas haverás tu de convir comigo:
nunca sonhei ter teu amor e hoje tenho esta alegria;
o meu amor é como um frasco que depois que se esvazia guarda consigo a lembrança do perfume antigo...
Estas e muitas outras coisas dizer-te queria
para que meu amor não ficasse inverdade sendo;
para que visses hoje os meus versos lendo,
o amor de ontem,pois do coração o amor
nunca se esvazia...
Dirás acaso que pode haver poesia
no coração de quem não ama,contendo
tanta ternura;uma após outra,escrevendo?...
Se assim fosse,não escreveria...
-Direi dos versos que escreves e do teu amor direi
que se assim falas,em teu amor acreditarei;
mas haverás tu também de convir comigo:
quem tem nas mãos o frasco vazio a lembrança
do perfume sente,
mas o frasco nada mais é do que o perfume ausente;
queria ter ontem o que hoje dizes,
lembranças do amor antigo...