Diálogos

-Tu dizes amar-me,em teus versos mas em ti

não creio,não o dizes tão sinceramente;

falas de um teu amor que eu não conheci;

quem nunca falou-me de amor ontem,

hoje amor por mim não sente...

Quando eu esperava(e certeza tenha de que esperei)

um único gesto teu,um único e tão somente

que justificasse os versos que hoje escreves,

não encontrei;

manifestações de amor falam muito mais quando

silenciosamente...

-Oh,amada minha tuas palavras eu bem as entendo,

entendo que não vês hoje o amor que ontem querias,lendo

os meus versos;mas haverás tu de convir comigo:

nunca sonhei ter teu amor e hoje tenho esta alegria;

o meu amor é como um frasco que depois que se esvazia guarda consigo a lembrança do perfume antigo...

Estas e muitas outras coisas dizer-te queria

para que meu amor não ficasse inverdade sendo;

para que visses hoje os meus versos lendo,

o amor de ontem,pois do coração o amor

nunca se esvazia...

Dirás acaso que pode haver poesia

no coração de quem não ama,contendo

tanta ternura;uma após outra,escrevendo?...

Se assim fosse,não escreveria...

-Direi dos versos que escreves e do teu amor direi

que se assim falas,em teu amor acreditarei;

mas haverás tu também de convir comigo:

quem tem nas mãos o frasco vazio a lembrança

do perfume sente,

mas o frasco nada mais é do que o perfume ausente;

queria ter ontem o que hoje dizes,

lembranças do amor antigo...

Coelho Zacarias
Enviado por Coelho Zacarias em 15/01/2010
Reeditado em 26/02/2010
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