“HAVERÁ UM TEMPO”
 
“Haverá um tempo”
Em que vou atirar-me da ponte de ferro no penhasco
Para encontrar meu tesouro no fundo do abismo
Que fica depois da oitava curva do rio
Onde enterraram meu coração no norte da minha vida
 
“Haverá um tempo”
Em que a fonte dos desejos não estará esperando meus anseios
Nas tardes sem sol em fiquei sonhando com a menina de cabelos dourados
Que passava trazendo a cesta de biscoitos de polvilho
Com olhar que seduzia as flores que enfeitavam os lados do caminho
 
“Haverá um tempo”
Em que as chuvas noturnas esconderão as estrelas que enfeitavam
As paredes pintadas nas lembranças que traduziam os desejos
De felicidade esvoaçada na liberdade de pensamentos
Que evaporam nos sonhos perdidos entre os travesseiros brancos
 
“Haverá um tempo”
Em que a luz da minha vida será apagada pela desilusão
No inverno que ficará mais tempo que as neves
Para embranquecer os corações desesperados e abandonados
Na colheita que começou na aurora e findará antes da tarde vazia