Amargura
Meu coração é amplo
Vasto como o deserto do Saara
Tudo o que minha boca fala
O que o meu olhar vê
O que meus ouvidos escutam
O que minha pele sente,
Tudo já estava pré concebido
Sangrando veia a veia
Até a artéria da mente.
Ah esse amor de somente
Semente de um fruto apodrecido
Concebo o filho coxo
E ele caminha como a consequência inevitável
Dos mais incólumes atos.
Tento turvar a vista
Prender a respiração
Mas nada pode distorcer os fatos.
Sangra alma desafortunada
Alma cuja fúria divina
Deus muitas vezes o dedo apontou.
A mais maldita das mulheres
Arrasto-me como cobra asquerosa
Esgueiro a felicidade de aquém.
Sangra, e busca o refúgio na tua lágrima
Sangra ventre embebecido
Sangra coração amortecido
Amordaçado pelo erro
Ó coração amolecido pelo gesto de amar
Sangra e chora
No mundo que te negam, é tudo o que te resta
Sangrar
Chorar.