A morte da Poeta
Poeta!
Preferias à solidez das terras,
as agitadas e profundas águas primordiais,
Teu Ser estava sempre
mergulhado em inquietudes e angústias
abissais, em incessante busca
de quem eras e o que aqui estavas a fazer...
Qual seria o teu mister, se não te queriam
as palavras ouvir, nem liam teus versos, sequer?
Tuas palavras, Éolo, o Senhor dos Ventos,
ordenava ao Sudoeste as soprasse ... e ele mesmo,
pelos quadrantes deste mundo as espalhava...
Teus escritos, as águas, a tinta delavavam e
as letras, transformavam-nas em simples manchas
de um azul desbotado que fizeram as palavras
perder todo o sentido...
tudo perdido... tudo...
tudo perdido...
Que triste tua sina... não mais possues o que
Fazia de ti um ser que ao sonhar, ensinarias
os valores maiores aos que te quisessem ouvir...
Sem o verbo, nada mais és.
sem tua voz,
o expressar dos sentires emudeceu.
Neste Terra ensandecida,
mais valia não houvesses nascido,
pois a Verdade morreu.
... e tu, pobre poeta sem voz
- e sem palavras,
deixaste de existir, pois teu mundo feneceu.