AMIGO
Quando precisei de uma palavra
mitigadora para minha dor
e procurei tua mão
adivinhada solícita
em tal ocasião,
aí não estiveste,
para meu maior sofrimento.
Afloraram-me, então, à mente
os momentos de alegria partilhados
sob o timbre da amizade
com o riso brotando fácil
em tardes iluminadas
pelo etilismo avulso
dos bares da minha cidade.
Sei que éramos ali só alegria,
e essa dor que me atinge
agora o âmago do ser
não andava o meu caminho.
Hoje, no entanto, senti-te
dilacerantemente ausente,
no transe por que passei,
quando ansiei pela palavra amiga,
e não estiveste.